CURVEBALL MEMORY
6 de Outubro — 18 de Novembro, 2018
Galeria Municipal do Porto, Porto, Portugal
Exposição individual
Curadoria de Sofia Lemos
Instalação multimedia composta por vídeo, projeções de slides e escultura montada em estruturas cênicas reflectoras, iluminadas por luz colorida. Definida pela noção de devir, a exposição é construída como um processo constante de transformação onde a possibilidade do desejo, como sujeito, se apresenta independentemente do sujeito que deseja.
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Consideremos agora a seguinte afirmação:
Tudo aquilo que é anterior a si próprio só pode existir num permanente estado de devir.
Em Musa paradisiaca, uma afirmação e a sua negação podem ser ambas verdadeiras; porque A, para existir, já terá sido Ab e Abz, surgindo continuamente com tal e outrem. De facto, a abstração aparente entre A e não-A permite-nos situar os momentos nos quais A desliza invariavelmente para B ou Z (todo o A pode ser B e Z, tal como todo o B e Z pode ser A). Consequentemente, habitando a consciência presciente de que tudo existe para além do passado, o nosso presente está sempre-já imerso no fluir do tempo, e a nossa identidade sempre diferindo, derivando e desviando-se de afirmações pronunciadas a priori. Na cosmogonia de Musa paradisiaca, os silogismos movem-se erraticamente, em conversa, em conversão, de A para B e entre todos os lugares nesse interstício. Neste deslizamento está a ambiguidade — a arbitrariedade de tudo o que é transitório — e a intencionalidade e determinação de imaginar outras comunidades.
Sofia Lemos
Visões do Mal-entendido,
livro publicado no contexto da exposição.
Excerto de Mestres da velocidade, 2017, apresentado em instalação multicanal.
Imagens por Dinis Santos
Cortesia Galeria Municipal do Porto, Porto